# Coluna de Olho na Literatura - O Erótico e sua Popularização - Parte 2 , por Ricardo Biazotto



O Erótico e sua Popularização - Parte 2
Ricardo Biazotto


Como se viu na primeira parte de “O Erótico e sua Popularização”, a literatura erótica foi representada por verdadeiras obras-primas ao longo dos últimos séculos, mas pode-se dizer que foi apenas com “Cinquenta Tons de Cinza” que o gênero realmente conquistou o público, o mercado e caminha para também conquistar os críticos — ainda que essa seja uma missão muito difícil.

Por ser um dos gêneros mais antigos da literatura, encontrar obras originais é algo muito raro. Pelo menos quando falamos de obras estrangeiras que, querendo ou não, ainda são maioria nas livrarias e na preferência de grande parte do público leitor. No entanto, os brasileiros não ficam atrás daqueles grandes sucessos que alcançam o topo das listas dos mais vendidos. É possível afirmar, sem medo, que os nossos escritores estão muito além dos best-sellers internacionais.

Quem acompanha o cenário da literatura erótica no Brasil, certamente conhece Tatiana Amaral, Julianna Costa e Mila Wander — que acaba de assinar contrato com a Planeta de Livros Brasil. Essas são apenas algumas das representes do gênero, por isso abaixo apresento outros autores e obras surpreendentes, para não dizer prazerosas.

Batom Vermelho, de Vanessa de Cássia

Entre tantas autoras que se dedicam ao erótico, Vanessa de Cássia certamente é uma das que mais se destacam por ter um jeito próprio de contar histórias quentes e de deixar seus leitores querendo saborear mais de suas criações. O simples fato de suas personagens serem fortes e inesquecíveis contribui para que sua principal obra do gênero, “Batom Vermelho”, esteja na lista de livros brasileiros que superam e muito os best-sellers internacionais.

Mel Folks, a protagonista de “Batom Vermelho”, é o tipo de mulher que fica no imaginário de todo homem. Mas não simplesmente por suas qualidades físicas, o que poderia ser mal interpretado. Com o poder de um batom vermelho, capaz de seduzir quem bem entender, Mel está longe de ser uma protagonista sem sal, criada como alguém frágil à espera de seu príncipe encantado. Acontece exatamente o contrário! Ela poderia protagonizar qualquer tipo de livro e ainda assim conquistaria todos seus objetivos apenas com suas próprias forças e por sua vontade de ir além.

Se tratando de um livro erótico, Mel Folks não é uma simples personagem. Encontrá-la em sonhos ou em outras mulheres pode ser tão natural quanto se sentir viciado em uma história com cenas de sexo que não estão ali apenas para deixar o livro mais complexo. Sem contar as surpresas que Vanessa, a mais querida ruiva da nossa literatura, nos proporciona ao longo do enredo.

Meu Charme Particular, de Cláudio Quirino

O autor Cláudio Quirino está sempre em busca de desafios. Após escrever um chick-lit, decidiu também se aventurar na literatura erótica, dando uma cara masculina a um gênero que é praticamente ignorado pelos escritores homens. A surpresa não poderia ser mais agradável.

Apesar de “Meu Charme Particular” ainda estar sendo publicado pelo Wattpad, os poucos capítulos já publicados revelam um estilo bem diferente do que estamos acostumados em obras escritas por mulheres. Isso fica claro através dos termos, que deixam as cenas menos bobas e consequentemente mais eróticas. A sensualidade pode não existir, mas o sexo como ele realmente é está presente em todas as cenas.

Mas o novo livro do autor não é simplesmente um romance erótico e sim um thriller erótico, o que faz com que o charme particular seja a união entre sexo e suspense, possibilitando infinitas teorias sobre o que ainda pode acontecer. Como citado, o livro ainda está sendo publicado, mas os mistérios são tão grandes que o desejo por mais é inevitável. Nesse ritmo, a literatura erótica tem tudo para ganhar um representante masculino de peso — e quem sabe impulsionar outros escritores.

Puro Êxtase, de Josy Stoque

Uma das melhores cenas de amor da literatura brasileira foi escrita por Josy Stoque em seu livro “Filho da Terra”, no entanto ela voltou a surpreender com o erótico “Puro Êxtase”, primeiro de uma trilogia que chega ao fim agora em dezembro. Se os dois títulos anteriores mostravam que os nossos autores superam os estrangeiros, com “Puro Êxtase” isso se confirma de forma definitiva.

Assim como Mel Folks, a protagonista Sara Mello é uma personagem diferenciada, mas entre tantas qualidades da trilogia, a mais significativa é, de longe, a liberdade sexual abordada por Josy. A autora mostra o sexo em sua verdadeira essência e não tem medo de falar sobre um assunto que deveria ser natural, ou seja, a importância das relações sexuais para Sara é o que a faz se sentir melhor após enfrentar problemas que mudaram radicalmente a sua personalidade.

Se tal liberdade sexual dá um toque próprio ao enredo, outro detalhe chama a atenção — e é o que faz de “Puro Êxtase” um livro único: mais do que o sexo por prazer, o que Josy quer transmitir é a busca pelo amor próprio. Essa busca poderia ser de outras formas, porém aqui é através de cenas intensas e inovadoras, em que o sexo é explorado em suas diversas possibilidades. Essas cenas em “Puro Êxtase” são originais, sem que se tornem simplesmente erotizadas.



Sobre o Autor
Ricardo Biazotto nasceu em Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, em 1993. Membro da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, participou do Vol. 5 da Antologia Literária Pinhalense e da produção do documentário “Edgard Cavalheiro – Vida e Obra”. Publicou nos livros Equinócios de Amor e Amores Impossíveis, da Alcantis Editora, Sonhos (& Pesadelos), da APED Editora, e Dias Contados – Vol. 2, Moedas para o Barqueiro Vol. 3 e Amores (Im)possíveis, todos da Andross Editora. É colunista da Revista Rosa News e moderador do blog literário overshockblog.com.br. Contato: ricardo.sep22@gmail.com.

2 comentários

  1. Ricardo, você se superou nesse texto. Parabéns! Com Puro Êxtase eu quis levar mais do que uma história erótica. Queria dar um novo sentido a vida da personagem. Sexo, para a mulher, está intimamente ligado à autoestima. Também quis desmistificá-lo, mostrando que mulher também tem desejo por sexo tanto quanto o homem e que sabe diferenciar o casual do relacionamento sério. É a realidade crua da nova geração de mulheres livres e bem-resolvidas. Obrigada pela menção. Beijos

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    1. Fico feliz que tenha gostado do texto, Josy. :) Quando fiquei de escrever sobre a literatura erótica sabia que seu livro precisava ser indicado, pelos motivos supracitados. Você conseguir fazer tudo isso muito bem e por isso representa tão bem o gênero, superando muitas outras obras. :)
      Beijos!

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