# Coluna Revirando a Estante - O Amor no Conto Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski, por Jéssica Rufino


O Amor no Conto Noites Brancas 
 por Jéssica Rufino



Noites Brancas na vida de alguém iluminam uma alma e trazem a questão; O que o amor pode fazer por uma vida? Como ele pode transformá-la ou torná-la uma reflexão eterna.

Dostoiewiski com uma linguagem poética e suave constrói a vida de seu personagem principal ao colocá-lo frente ao amor e a solidão. Dois temas tão profundos, que influenciam profundamente a vida de todos nós, seres humanos.

Um homem solitário que vive imerso em suas próprias fantasias, tendo como única companheira a solidão, em uma casa cheia de teias de aranhas e paredes desbotadas. Um homem que observa a todos, mas passa pelo mundo sem nada fazer e sem deixar nenhuma marca.

E quantos de nós levam essa vida totalmente comum, totalmente isolada dos outros? Uma vida onde ficamos apenas na plateia observando os atores?

Temos neste inesquecível conto um narrador/personagem, que se aproxima do leitor e transfere toda a sua angústia e solidão, sua vida solitária comove e leva a reflexão. A fantasia é companheira permanente deste personagem. Ele chega a falar sobre noites inteiras que passou acordado se deleitando com o mundo dos sonhos. Neste ponto, podemos questionar sobre a importância e o perigo das fantasias em nossas vidas, visto que a fantasia nos deixa mais leves, nos transporta para mundos maravilhosos, mas sonhando, nos esquecemos da realidade, deixamos de agir e de transformar nossos desejos em algo concreto,

O narrador de “Noites Brancas” é um homem de meia idade, que já deixou a mente sonhadora da juventude, mas que ainda cai por noites inteiras em devaneios fantasiosos. Ele o tempo todo se questiona sobre a vida que leva e sobre o tempo perdido em devaneios. Será que é esta a vida? Ele parece, no início, acreditar que a felicidade está em sua vida solitária e monótona, mas ao ver os moradores de sua cidade migrando para passar um tempo no campo se desespera e de repente sente medo da solidão.

Percebemos que ele não é importante para os outros, mas os outros lhes eram caros e iriam lhe fazer falta. Ele acompanha os viajantes até as portas da cidade e de repente depois de receber um olhar amigo de um dos viajantes ele se sente feliz e volta pelas ruas escuras da cidade assoviando de alegria. É nesse instante que toda a sua vida muda. Durante esta tão tranquila caminhada ele encontra uma moça chorando à beira de uma ponte. E por um golpe do destino acaba livrando a moça de um bêbado sem limites. Assim o narrador conhece Nastenka, uma moça solitária que vive com uma avó cega, que a limita e vigia.

A moça agradecida pela ajuda aceita ser levada em casa pelo narrador. E assim nasce uma bonita relação de amor e amizade. Nastenka conta sua história para o narrador e aquelas noites de conversa e confidências se tornam a única alegria do narrador.

As noites são iluminadas e belas, refletindo a alegria dos amantes/amigos. A bonita relação dos dois personagens de “Noites brancas”, nos lembra a bela transformação que o amor é capaz de fazer na vida das pessoas. Desse sentimento de total entrega que faz os dias serem mais iluminados. O fato da história se chamar “Noites Brancas” já nos mostra a pureza dos sentimentos entre os personagens. Os encontros são à noite, atmosfera onírica, ambiente onde os sonhos e as sensações habitam.

Mas depois de quatro noites brancas o narrador e Nastenka nunca mais se encontram, ela se casa com outro e ele volta a sua vida solitária e cinza, marcada na narrativa pelos dias de chuva e frio.

Teria valido a pena aquelas noites brancas?

“Um minuto inteiro de felicidade! Mas não é o bastante para toda a vida de homem?”

                                                                                                          

                                                                                               

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